O deserto das cidades
Porque razão havemos de ter plantas numa varanda ou num quintal? Contrariar a selva de asfalto e betão para quê? Ver nascer e ver crescer também faz florir algo dentro de nós próprios. Há algo de fascinante, e de reconfortante quando vemos renascer vida no deserto, e a verdade é que quaisquer comuns fachadas ou pátios são verdadeiros desertos.
Criar um jardim numa varanda é dar vida ao deserto. E tem desafios semelhantes no que toca ao microclima. Normalmente, as varandas e os pátios são sombrios ou têm sol a mais e são ventosos. Para além da água, temos que tratar da terra e do suporte para esta. Partimos do nada no desafio da criação de um pequeno jardim.
Vasos e terra
Não há limite para a criatividade quanto ao uso de recipientes para encher de terra para ter mais uma floreira. Desde a reutilização de gavetas ou baldes de latão, a botas velhas ou calças (cosidas em baixo claro), podemos ver muitos materiais a ser usados para vasos e floreiras. No entanto, deve ser ponderado o tipo de material quanto a vários aspetos.
É importante a resistência e durabilidade, embora em ambiente natural sejam naturalmente aceites também a decomposição, as marcas do tempo, a alteração com o envelhecimento. Porém, a terra, principalmente quando molhada, pode chegar a ter um peso considerável.
O material também deve isolar do frio e do calor. Em Portugal principalmente a radiação solar pode ferver as raízes de uma planta se esta estiver num recipiente mal isolado exposto ao Sol.
O fato de se tratar de material reciclável ou não também deve serconsiderado.
Os vasos devem ter um dreno para escoar a água, e finalmente, é aconselhável um formato que permita que se retire facilmente a planta para transplantar quando estiver mais crescida.
Comparação de diversos materiais para vasos
| barro | plástico | metal | madeira | |
| Peso | – | + | o | o |
| Isolamento térmico | + | – | – | + |
| Estanquicidade | + | + | + | – |
| Grandes dimensões | – | + | o | + |
| Durabilidade | + | – | – | o |
| Reciclável | o | – | o | o |
Rega
Uma planta em vaso nunca irá poder usufruir de muitas reservas de água na pouca terra que envolve as suas raízes. Na natureza, as raízes podem chegar a vários metros de profundidade, mas em vaso, o seu alcance é muito limitado. Se regarmos poucas vezes, a planta vai tentar criar mais raízes – uma tarefa que neste caso é em vão. Por isso há que manter regas regulares.
A água tende a “lavar” os nutrientes do solo. Se regarmos plantas de vaso com água a mais, estamos a retirar nutrientes de dentro do vaso. Por isso, as quantidades de rega devem ser conforme a quantidade de água que consegue ficar retida na terra dentro do vaso.
A escolha das plantas
Não vais encontrar aqui uma lista infinita das plantas recomendadas. Cada caso é um caso, e é importante observar exatamente isso. Experimenta! Vai haver escolhas que irão falhar de imediato e outras que irão resultar surpreendentemente bem, como esta couve do tamanho de uma árvore. Explora a imensidão de websites sobre o assunto com por exemplo este.
A fauna que aparece
Os pássaros e insetos irão agradecer o oásis que lhes proporcionas. Após algum tempo, é natural começarem a aparecer melros e piscos, abelhas e vespas, joaninhas e sirfídeos, osgas e caracóis.
Recomendamos a colocação de um pequeno recipiente de barro com água (com 12cm por 20cm e 5 cm de profundidade). Os pássaros irão aproveitar essa pequena piscina para banhos.
Doenças e pragas
Uma varanda ou quintal é um local que visitamos diariamente. Isso trás consigo a grande vantagem de podermos observar regularmente o desenvolvimento das plantas. Doenças e pragas são identificadas rapidamente e podem ser tomadas medidas de imediato. É difícil de compreender, porque há a necessidade de aplicar inseticida, fungicida ou pesticida em jardins caseiros. Não é com certeza uma questão de sobrevivência. Por isso, por favor não uses venenos.
Também as doenças e pragas são uma oportunidade de aprendizagem.